Mulheres iranianas retornam ao estádio no Irã
Ser mulher é desafiador, quase um sinônimo de sobressair-se aos obstáculos. Principalmente, em países como a República Islâmica do Irã. Ao passo da revolução de 1979 – fim da monarquia autocrática para república teocrática, onde as normas do governo são submetidas à religião. Ano de 1981, um passo para trás. As Mulheres banidas dos estádios. A quebra do paradigma ocorreu com intervenção da Fifa. A entidade ameaçou a suspensão do país.
Em 10 de outubro de 2019, o anseio acabou virando lugar da satisfação da luta alcançada. Pela primeira vez em 38 anos, as iranianas puderam assistir uma partida da seleção contra o Camboja com um placar esmagador de 14 a 0, no estádio Azadi de Teerã, pelas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo de 2022, no Catar. Para esse início, cerca de 5% dos ingressos eram destinados às torcedoras, um total de 3.500 mulheres. Sem nenhuma interferência nas escolhas, as torcedoras prestigiaram a maior goleada na história da competição. Passo acanhado, porém histórico em busca pelos direitos de igualdade.
O progresso acabou sendo paralisado por conta da pandemia de Covid-19. Depois de dois anos, uma luz no fim do túnel Limitless-Casino-Australia.com. Nesta terça-feira (12), as iranianas, autorizadas, irão retornar aos estádios para prestigiar a seleção contra a Coreia do Sul, pela quarta rodada das Eliminatórias.
A presença das mulheres foi autorizada para a partida entre as seleções nacionais de futebol do Irã e da Coreia do Sul
– Clube de Jovens Jornalistas (YJC), agência ligada à televisão estatal
Proibição de ir aos estádios causou a morte de Blue Girl
A pressão para a liberação das torcedoras de irem ao estádios aumentou ainda mais com a morte de Sahar Khodayari. Conhecida como Blue Girl, a Garota Azul, devido às cores do seu time, o Esteghlal Teerã, que ateou fogo no próprio corpo, em setembro de 2019, pois não queria ser presa por tentar assistir um jogo de futebol.
Sahar acabou sendo presa durante três dias, no mês de março, ao entrar no estádio vestida de homem, com uma peruca azul e um casaco longo. Acabou sendo libertada sob fiança. Com julgamento adiado para início de setembro, ela descobriu que poderia ficar de seis meses a dois anos na prisão. Após receber a notícia, despejou a gasolina em seu corpo diante do Tribunal Revolucionário Islâmico de Teerã.
Blue Girl não resistiu aos graves ferimentos, com 90% do corpo queimado e pulmões foram gravemente danificados. Alguns dos jogadores do Esteghlal lamentaram a morte através de suas redes sociais.
Na época, a Fifa também lamentou o ocorrido: “A Fifa estende suas condolências para a família e os amigos de Sahar e reiteramos nossos pedidos às autoridades iranianas para garantir a liberdade e a segurança de qualquer mulher engajada nesta luta legítima para acabar com a proibição de mulheres em estádios no Irã.”
A Diretora de Iniciativas Globais da Human Rights Watch, argumentou que o presidente, Gianni Infantino, não aplicou pressão suficiente sobre o Irã para impedir os abusos.
“A longa demora da Fifa em aplicar suas próprias regras significa que a proibição continua e deixa as corajosas mulheres e meninas do Irã que contestam a proibição expostas a perseguições, espancamentos e prisões por parte das autoridades iranianas. A Fifa precisa defender com urgência suas próprias regras de direitos humanos, acabar com a discriminação de gênero e punir os violadores”.
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